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IBRACHICS no CCT da Presidência.

12 de novembro de 2024


CONTRIBUIÇÃO DO IBRACHICS AO CONSELHO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, DO QUAL É MEMBRO PERMANENTE, NA COMISSÃO DE REINDUSTRIALIZAÇÃO EM NOVAS BASES E APOIO À INOVAÇÃO NAS EMPRESAS


A reindustrialização em novas bases e o apoio à inovação nas empresas representam uma oportunidade estratégica para a inclusão social e a redução das desigualdades, especialmente considerando a falta de acesso adequado à internet e o baixo letramento digital das classes mais baixas. Esses desafios estão diretamente ligados ao acesso a oportunidades de emprego qualificado, à participação efetiva em ambientes digitais e à criação de soluções tecnológicas que atendam às necessidades de populações vulneráveis. O fortalecimento da infraestrutura e das capacidades científicas e tecnológicas no Brasil pode ser um catalisador para melhorar significativamente serviços essenciais em saúde, educação e segurança alimentar, especialmente em comunidades vulneráveis e em contextos de crises globais. Sob o eixo da reindustrialização e inovação, o investimento em ciência e tecnologia — incluindo a robótica nacional — pode aumentar a capacidade do país de enfrentar emergências sanitárias, mudanças climáticas e desigualdades estruturais, promovendo uma economia mais sustentável e resiliente. Dentro desse contexto, a Comissão II do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia poderia priorizar uma agenda que contemple os seguintes pontos:

 

 

1. Expansão da Infraestrutura Digital Inclusiva

 

A criação de uma infraestrutura de conectividade acessível e de qualidade em regiões periféricas e rurais é essencial. Para que as novas bases industriais e tecnológicas alcancem o público de baixa renda, é fundamental que ele tenha acesso contínuo à internet. Investir em parcerias público-privadas que promovam a expansão de redes de banda larga e o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo (como redes mesh e o uso de satélites) em áreas carentes garantiria maior inclusão digital e apoiaria a equidade de oportunidades.

 

2. Fomento ao Letramento Digital e à Capacitação Técnica

 

O letramento digital é um dos maiores entraves para a inclusão tecnológica das classes menos favorecidas. Programas de capacitação voltados para habilidades digitais e técnicas para a indústria 4.0 — como programação básica, manuseio de equipamentos automatizados, uso de softwares de gestão e compreensão de tecnologias de informação — são essenciais para preparar a população para o mercado de trabalho emergente. O conselho poderia incentivar iniciativas de educação pública e parcerias com empresas para oferecer capacitações acessíveis em formato presencial e remoto, com foco em habilidades específicas que atendam às demandas da indústria inovadora.

 

3. Incentivos para Empresas Inovadoras que Promovam Inclusão e Sustentabilidade

 

A agenda de reindustrialização e inovação também deve priorizar o apoio a empresas que desenvolvem produtos e serviços com impacto social positivo, como tecnologias assistivas, plataformas de ensino digital para áreas vulneráveis, e soluções sustentáveis voltadas à economia circular. Por meio de políticas de incentivos fiscais e financiamentos diferenciados, o Conselho pode incentivar o desenvolvimento de negócios que promovam a equidade e a resiliência, ajudando a reduzir as desigualdades regionais e de acesso a tecnologias.

 

4. Criação de Polos de Inovação em Regiões Periféricas e Rurais

 

A descentralização dos polos de inovação tecnológica é fundamental para reduzir as desigualdades regionais. Incentivar a criação de incubadoras e aceleradoras em áreas fora dos grandes centros urbanos, com foco em capacitar e apoiar empreendedores locais, poderia ampliar o alcance da inovação. Esses polos devem oferecer infraestrutura e apoio técnico a empresas e projetos com impacto social, proporcionando às populações locais a oportunidade de desenvolver e aplicar tecnologias que atendam suas próprias demandas.

 

5. Apoio a Tecnologias de Automação Inclusivas

 

A automação e a digitalização industrial devem ser acompanhadas por estratégias que incluam a adaptação de tecnologias para trabalhadores com pouca ou nenhuma formação digital. Desenvolver interfaces de fácil uso e sistemas de treinamento para o trabalho com automação industrial de baixo custo é uma forma de permitir que pessoas de baixa renda participem do mercado de trabalho tecnológico, tornando a reindustrialização uma via de inclusão econômica.

 

6. Fortalecimento de Parcerias com Instituições de Ensino para Fomentar a Pesquisa Inclusiva

 

A integração entre instituições de ensino superior e centros de pesquisa com foco em inovação inclusiva é crucial. Programas de pesquisa e extensão podem ser criados para desenvolver tecnologias específicas para populações com menor acesso à internet, incluindo aplicativos de fácil usabilidade, plataformas educacionais inclusivas e programas de capacitação. Tais parcerias podem contribuir para a criação de soluções de baixo custo e alto impacto social.

 

7.  Melhoria dos Serviços Essenciais em Contextos de Emergências

 

Em momentos de crise — como pandemias, desastres naturais ou crises de segurança alimentar — a capacidade científica e tecnológica do país desempenha um papel crucial na resposta rápida e eficaz. Algumas ações prioritárias são:

 •   Saúde: A reindustrialização com base em inovação permite ao Brasil aumentar sua autonomia na produção de insumos, equipamentos médicos e robôs para fins específicos, reduzindo a dependência de importações em momentos de emergência global. Fortalecer centros de pesquisa em biotecnologia, farmacologia e robótica médica pode contribuir para o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e robôs para realizar triagens e apoiar o atendimento remoto em áreas de difícil acesso.

 •   Educação: Tecnologias de educação digital inclusivas podem transformar a realidade das regiões com baixa infraestrutura escolar, especialmente em períodos de distanciamento social. Plataformas educacionais acessíveis, que funcionem mesmo com conexão limitada, são cruciais para garantir a continuidade do aprendizado de crianças e jovens em contextos adversos. A robótica educacional, por exemplo, pode introduzir estudantes a conhecimentos práticos em tecnologia, ajudando a preparar futuros profissionais e promovendo uma educação inclusiva e de qualidade.

 •   Segurança Alimentar: O fortalecimento das capacidades científicas na agricultura, no manejo de recursos naturais e na robótica agrícola pode melhorar a segurança alimentar, especialmente em comunidades rurais. Robôs agrícolas e tecnologias como sensores para monitoramento de solo e drones para mapeamento de terras permitem otimizar a produção, reduzir desperdícios e monitorar cultivos remotamente. Em emergências globais de abastecimento, essas tecnologias sustentam uma agricultura autossuficiente e ajudam a garantir a alimentação das populações mais vulneráveis.

 

8. Prioridades para a Transição para uma Economia Sustentável e Resiliente

 

Para garantir uma transição econômica que integre sustentabilidade, resiliência e inclusão social, é necessário estabelecer algumas prioridades dentro do eixo estruturante desta Comissão:

 •   Inovação em Energias Renováveis e Sustentáveis: A transição energética para fontes renováveis, como solar e eólica, deve ser uma prioridade, especialmente em regiões isoladas e em comunidades que enfrentam desafios socioeconômicos. Robôs de manutenção e monitoramento podem ser utilizados em plantas de energia renovável, otimizando a operação e reduzindo custos, além de gerar empregos.

 •   Indústria Circular e Redução de Resíduos: O apoio a uma indústria baseada nos princípios de economia circular — em que materiais e produtos são reutilizados, reciclados ou compostados ao final de seu ciclo de vida — contribui para uma economia mais sustentável. Robôs de reciclagem, por exemplo, podem realizar triagens e separação de resíduos de forma eficiente, ajudando a reduzir a poluição e criando oportunidades econômicas em áreas de gestão de resíduos.

 •   Agricultura Sustentável e Tecnologias para Resiliência Climática: Dado o impacto das mudanças climáticas na segurança alimentar, a implementação de práticas agrícolas sustentáveis é essencial. Robôs para manejo de solo, monitoramento de plantações e colheita inteligente ajudam a aumentar a produtividade e reduzem o impacto ambiental. A automação agrícola é uma solução viável para promover a segurança alimentar de comunidades vulneráveis.

 •   Incorporação de Comunidades Vulneráveis na Cadeia Produtiva: A reindustrialização e a inovação devem incluir modelos que incorporem comunidades vulneráveis em cadeias produtivas sustentáveis, criando alternativas de renda e reduzindo a exclusão econômica. Políticas de apoio a cooperativas e iniciativas de economia solidária em áreas periféricas e rurais ajudam a integrar essas populações ao mercado formal, promovendo inclusão social e incentivando a adoção de tecnologias e robótica acessível em processos produtivos locais.

 •   Desenvolvimento de Tecnologias para Prevenção e Mitigação de Desastres: A resiliência da economia e das comunidades frente a emergências globais passa pelo investimento em tecnologias de prevenção e resposta rápida a desastres. Robôs podem ser usados para monitoramento ambiental, operações de busca e resgate e para atuar em áreas de difícil acesso, protegendo vidas e bens materiais. O uso de inteligência artificial e big data para previsão e gestão de riscos, aliado a sistemas robóticos, pode salvar vidas e proteger meios de subsistência.

 

Conclusão

 

O fortalecimento da infraestrutura científica e tecnológica do Brasil, orientado pelo eixo de reindustrialização, inovação e robótica, representa uma oportunidade de construir um país mais preparado para emergências globais, mais inclusivo e ambientalmente sustentável. Ao investir em tecnologias acessíveis e sustentáveis, que visem a inclusão social e a redução de desigualdades, o Brasil pode transformar seus desafios em uma economia moderna e resiliente, capaz de promover qualidade de vida e oportunidades para toda a população, especialmente os mais vulneráveis.

 

Uma ação central que o Governo Brasileiro pode implementar em parceria com as indústrias é o estabelecimento de um programa nacional de incentivo à pesquisa e desenvolvimento em robótica aplicada aos setores de saúde, educação, segurança alimentar e energia. Esse programa deve priorizar soluções robóticas que atendam a demandas sociais críticas, como o uso de robôs para telemedicina em áreas remotas, robôs educacionais para promover o letramento digital, e robôs agrícolas para otimizar a produção em pequenas propriedades.

 

Para garantir impacto, o programa deve incluir incentivos fiscais e financiamento direto a indústrias e startups nacionais, estimulando a criação de um ecossistema robusto de robótica no país. Com uma rede de parcerias entre centros de pesquisa, universidades e empresas, essa iniciativa integraria tecnologias avançadas aos serviços essenciais, promovendo inclusão social, sustentabilidade e resiliência diante de emergências globais e mudanças climáticas.

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